sábado, 19 de abril de 2014

Sobre a perda

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Qualquer tipo de perda é meio dolorosa, seja ela emocional, física, financeira, mas posso dizer que uma perda que mexe com a gente é sempre a perda de um ente querido, seja ele parente ou não, sofri uma perda que não sei se vou conseguir superar, estou desde o dia que soube do ocorrido sem conseguir dormir direito, pensando, refletindo, relembrando…
Uma semana dessas, meu irmão perdeu um amigo, e ficou arrasado por dias, não posso dizer que superou, mas posso dizer que hoje em dia ele lembra com carinho desse amigo, eu passei pela perda mais dolorosa que já aconteceu na minha vida, e acho que se compara com a perda da minha vó materna, no ano passado.
Perdi a Margha (apelido carinhoso que a batizei), a Margha foi a pessoa tão parecida comigo que resolvi me relacionar, resolvi adotá-la como irmã, não lembro como tudo aconteceu, mas lembro que inicialmente eu não gostava dela e ela não gostava de mim (o filho dela tinha 6 meses a primeira vez que a vi), mas posso dizer que quando a conheci melhor, conheci um lado diferente daquela mulher petulante, grossa, um lado carismático, uma mãe dedicada, cozinheira de mão cheia, brincalhona, risonha… as pessoas que apresentaram-na foram as mesmas que hoje a crucificavam, que a deixaram morrer…
Conheci a Margareth ela ainda estava casada (união estável) há mais de 10 anos com um carinha que só causou sofrimento na vida dela, posso dizer que a única alegria que ganhou com esse casamento foi um filho, ao qual ela amava com todas as forças, um filho homem, que ela desejava demais, e o batizou com um nome composto, o que sempre eu tirava sarro por serem dois nomes fortes para um pequeno menino: Vyctor Thyago (como ela salientava: Y e THY), mas a nossa amizade ficou forte quando houve o rompimento do casamento dela, ela se perguntava (como toda a mulher que sai de um casamento falido), onde foi que errou, já que fez tudo por ele, além de deixá-lo sujar o nome dela em todas as lojas das quais ela tinha cartão, cuidou dele nas várias vezes que estava embriagado (ou drogado), cuidou dele também quando sofreu acidente… NÃO ELA NÃO ERROU COM ELE, como todos os homens, ele era mais um ingrato!
Conheci uma mulher frágil por trás daquele sorriso constante, uma mulher que chorava escondida, depois que filho ia dormir, ou quando estávamos só nós duas, por vezes vi aquela mulher rezar para que a chuva não tivesse vento forte para que a casa (de madeira) não caísse sobre as cabeças deles, vi fazer jornada tripla pra dar o melhor para o filho, a vi chorar quando o PAI de sua cria o abandonou, para viver uma nova paixão, a vi cair e levantar… Sempre que eu precisei dessa mulher, mesmo com todos os problemas que ela tinha, um deles era a asma e as pontadas no coração que sempre teimavam machucá-la… estava pronta pra me receber de braços abertos, me dava o ombro, o abraço, uma palavra de carinho, cuidou da minha filha quando precisei.
Descobri o que era ter e ser amiga com ela e quando tive que mudar de endereço, a vi chorar feito criança na hora da despedida, como se eu fosse morar em outro país… ela foi a primeira a saber da minha gravidez (muito antes de mim), cuidou de mim, me mimou, e muitos com inveja diziam que éramos mais do que amigas, eu também acho que fomos mais do que amigas, fomos IRMÃS, nos escolhemos…
Hoje choro a partida dessa amiga, não pelo simples fato de a hora dela ter chegado, NÃO, choro porque a partida dela foi antecipada, por seus gritos de socorro NÃO serem atendidos, por ter sido negligenciada, por ter sido preterida…choro baixinho pra ninguém ouvir, lamento a falta, os apelidos, as mensagens que me faziam bem, as piadas no celular, ela era a única pessoa (depois da minha mãe) que só dormia depois da meia noite só para me desejar PARABÉNS no dia do meu aniversário…
E agora??? como vou SER sem você, já que éramos como unha e carne, como vou ser depois que você saiu da minha vida??? Te odeio por isso, me sinto órfã, viúva, abandonada…
Margha, por onde você foi andar???
Quantas saudades você está causando em meu coração.
TE AMO MIGA para sempre, até os fins dos meus dias, e além!!!!

Um comentário:

  1. Lindo texto, Gisele! Já perdi também uma pessoa que amo (minha mãe). A dor é enorme e as vezes ela consegue ser maior ainda! Mas o tempo realmente é acalentador e vai nos fazendo entender que não adianta chorar ou sofrer, mesmo quando as lágrimas teimam em cair... Um dia a dor dará lugar apenas a saudade...um dia!!

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